A terapia com células T CAR, uma abordagem inovadora para o tratamento de certos tipos de cancro, baseia-se na modificação genética das células imunitárias de um doente para atingir e destruir as células cancerígenas. Este processo complexo requer procedimentos laboratoriais altamente especializados, sendo essencial dar prioridade à segurança das células modificadas, do doente e dos profissionais de saúde envolvidos.
Este artigo analisa o processo de modificação genética das células CAR T, o papel crucial que o controlo da contaminação desempenha e o papel crítico do Equipamento de Proteção Individual (EPI) na manutenção de um ambiente seguro.
O processo de modificação genética das células T CAR
1. recolha de células T
- As células T são recolhidas por leucaférese, um processo semelhante à dádiva de sangue.
- A leucaférese isola as células T de outros componentes do sangue.
- As condições estéreis evitam a contaminação nesta fase crítica.
2) Isolamento e ativação
- As células T são isoladas e activadas num ambiente laboratorial controlado.
- As células são cultivadas e preparadas para modificação.
3) Modificação genética
- É introduzido um gene de Recetor de Antigénio Quimérico (CAR) para permitir o tratamento do cancro.
- Os vectores lentivirais ou retrovirais são utilizados para entregar o gene de forma segura.
- O controlo da contaminação garante a integridade das modificações.
4. expansão
- As células T modificadas são expandidas para níveis terapêuticos.
5) Controlo de qualidade
- As células são testadas quanto à sua pureza, viabilidade e eficácia.
- Apenas as células de melhor qualidade passam à fase seguinte.
6. infusão no paciente
- As células CAR T modificadas são infundidas no doente.
- Isto marca o início de uma resposta imunitária direcionada contra o cancro.
Medidas de controlo da contaminação
É imperativo um controlo eficaz da contaminação durante todo o processo de modificação genética das células CAR T para manter a integridade da terapia e garantir a segurança dos doentes e do pessoal do laboratório. As principais medidas de controlo da contaminação incluem:
1. técnicas estéreis:
O pessoal do laboratório deve respeitar rigorosamente as técnicas estéreis, incluindo a lavagem das mãos, a utilização de batas e de luvas, para garantir que todo o equipamento e materiais utilizados são estéreis.
2. Armários de segurança biológica (BSC):
A modificação genética das células é efectuada em armários de segurança biológica de classe II, que proporcionam um ambiente controlado e estéril. Estes armários ajudam a conter potenciais contaminantes e a proteger os trabalhadores do laboratório.
3. Instalações para salas limpas:
A produção de células T CAR ocorre frequentemente em instalações de salas limpas de classe ISO, que são especificamente concebidas para manter elevados níveis de limpeza e controlar a contaminação por partículas.
4. barreiras de isolamento:
As barreiras de isolamento físico, como as campânulas de fluxo laminar e os sistemas fechados, são utilizadas para evitar a contaminação durante os processos de manipulação e cultura de células.
5. Monitorização de rotina:
A monitorização regular dos ambientes laboratoriais no que respeita à qualidade do ar, à contaminação da superfície e à presença microbiana é essencial para identificar e tratar prontamente as potenciais fontes de contaminação. As ferramentas comuns de monitorização incluem contadores de partículas e amostradores microbianos.
6. Eliminação de resíduos:
A eliminação adequada de resíduos, incluindo equipamento potencialmente contaminado e resíduos biológicos, é crucial para evitar a contaminação. A eliminação de materiais contaminados, incluindo material cortante, é vital para evitar qualquer exposição acidental do pessoal.